Eleições PASO 2019, um passo em que direção?

Inacreditável o resultado das eleições PASO do dia 11/08/2019. Inesperado, esmagador.

E agora o que? Abrem-se varias frentes de incógnitas, panoramas, cenários, nebulosas,  enfim, muita incerteza e instabilidade.

Acredito que em primeiro lugar devemos lembrar o que são as PASO. Segundo o Wikipedia.org vemos que:

As eleições primárias , também denominadas primárias, abertas, simultâneas e obrigatórias foram criadas em 2009, após a aprovação da Lei nº 26571. Nelas são definidas basicamente: quais partes têm direito a aparecer às eleições nacionais, que de acordo com a lei são aquelas que obtêm pelo menos 1,5% dos votos validamente expressos no distrito em questão para a respectiva categoria. A lista que representará cada partido político também será definida, daí a abertura interna. Seguindo suas iniciais, as eleições primárias são:

  • Primárias : porque, em vez de definir posições, primeiro as candidaturas oficiais são determinadas.
  • Abertas : porque todos os cidadãos participam da seleção de candidatos, sejam eles filiados ou não a algum partido político.
  • Simultâneas : todos os candidatos para os diferentes cargos decidem sua nomeação para a eleição geral simultaneamente na mesma data e no mesmo ato eleitoral.
  • Obrigatórias : para todos os cidadãos que têm entre 16 e 70 anos na data da eleição nacional e para todas as partes e alianças que pretendem competir nas eleições nacionais, mesmo para aqueles que apresentam uma lista única de candidatos. Além disso, a votação primária é voluntária para pessoas com mais de 70 anos e para jovens de 16 a 18 anos; no entanto, a justiça eleitoral de algumas províncias – como Córdoba – não o permite no caso dos jovens.

Assim podemos pensar as PASO como uma enquete, uma demonstração real da intenção de possível voto futuro. Além de determinar os candidatos políticos com direito a se candidatar no concurso  eleitoral formal- todos aqueles que superarem o 1.5% dos votos).

No caso das PASO do domingo dia 11 de agosto, os resultados não seguiram nenhuma das pesquisas de intenção de voto realizadas pelas empresas líderes. Muito pelo contrário, todas as pesquisadoras equivocaram-se  ABISMALMENTE, especialmente em relação a diferença entre os candidatos. A nível nacional Alberto Fernández (AF) obteve o 47,66% contra o Mauricio Macri (MM) com o  32,08% — isto e’, uma diferença de mais de 15 pontos percentuais.

Vejamos, a modo de exemplo, as diferenças registradas pelas pesquisadoras: Opinaia 1.2%, Realle Delatorre 1.7%, Real Time Data 1%, CIGP 0.52%, Ideiaia Big Data 3%, Giacobbe  1.5% e Management & Fit 2%. (Sempre a vantagem de AF sobre o MM) .
Com a contagem dos votos fechada e confirmada (pela Smartmatic, empresa de software contratada), que poderíamos analisar, prever e que conclusões poderíamos obter para saber na medida do possível, onde estamos parados, aonde vamos –se vamos a algum lugar!!!! O que será da Argentina (hoje e depois do governo que assume o 10 de dezembro)

Devo admitir que vejo uma situação difícil, preocupante e angustiante. Simultaneamente uma crise política e uma crise económica: pacote MOLOTOV.

E um contexto muito especial. Antes do que nada, devemos lembrar que estas foram as PASO e não as eleições presidenciais formais. Tal como descreve  o repórter Joaquín Morales Sola no jornal La Nación do passado 14/8: “ Hay un presidente que ha perdido abrumadoramente una elección que no eligió a nadie. Y hay un candidato a presidente que ganó esa elección de manera arrasadora, pero no ha sido elegido todavía. ”

Mas existe possibilidade de virar a situação, de reverter esta tendência? Não se sabe, parece um cenário difícil. Então a pergunta do milhão, o que deve ser feito?

Acredito como muitos que o dialogo SEMPRE e importante mas agora, pós-resultados PASO, é uma condição necessária. O diálogo entre o atual Presidente da Nação, MM, e o candidato que obteve a maior quantidade de votos, AF. Do mesmo modo que aconteceu no 2002, o presidente  brasileiro Fernando Henrique Cardoso com o candidato a futuro presidente  Luiz Inácio “Lula” da Silva. Eles dialogaram para chegar a um acordo a respeito das reservas. Isto evidentemente favoreceu enormemente a Lula. Outro exemplo mais atual pode ser encontrado no México, entre Enrique Peña Nieto e Andrés Manuel Lopez Obrador (AMLO). Eles tiveram 3 encontros antes de AMLO assumir a presidência. Em minha opinião, estas reuniões demonstraram maturidade  política em plena democracia.

Sequer 24 horas após as PASO  e já na segunda feira 12/8, houve uma devolução fenomenal da moeda argentina: a cotação do dólar americano passou de 40 pesos a 60 pesos.

Após certa relutância entre os candidatos, parece que houve uma ligação telefónica entre ambos. E vantajoso para ambos os candidatos, uma situação win-win. Se Macri prioriza a sua atual função de PRESIDENTE, lhe convém terminar seu mandato decentemente, sem abaixar os braços e sem deixar que o país e sua económica vão pro inferno. Pois tudo será parte de seu legado a historia argentina. Pela sua vez, para Fernandez também é interessante  falar com o presidente porque e muito difícil começar o seu possível governo dentre uma situação caótica.   Alguém com um pouco de noção, percebe que não é vantajoso assumir a presidência de um país totalmente empobrecido, sem credibilidade no exterior, com o índice risco país pelas nuvens, com déficit fiscal, sem reservas (sem oxigênio) a não ser que tenha outros objetivos em mente que não sejam manter a democracia e o bem-estar da população.

Paralelamente, o Macri está tomando algumas medidas para poder chegar às eleições formais do dia 27/10. Por exemplo eliminou o imposto IVA (Imposto Valor Agregado) de 14 alimentos da cesta básica, congelou as parcelas empréstimos UVA (atrelados a inflação) e por decreto o congelamento da gasolina até dezembro 2019.

Agora, como chegar ao 27/10. Eis aqui uma questão importantíssima. Se não houver diálogo entre o atual presidente e o candidato Fernandez, poderíamos prever um período de ingovernabilidade? Macri chegara a concluir o seu governo? O Macri terá mais atitudes de PRESIDENTE do que CANDIDATO rival?

Falta um pouco mais que 2 meses ate o 27/10 e outros tantos dias a mais ate o 12/10. Tem alguns que definem este período de tempo como uma TRANSIÇÃO. Seja como for definido, e um intervalo temporal tanto cumprido quanto curto ao mesmo tempo. Cumprido porque segundo o calendário romano são aproximadamente uns 4 meses mas curto pois e volátil. Só basta lembrar que em menos de 24hs ocorridas as PASO, o país ficou 30% mais pobre e numa paralise total. Por todas estas razões é importante a colaboração de todos porque as consequências, em teoria, serão afrontadas  indiscriminadamente POR TODOS.

Explicar o por que do resultado das PASO, se foi voto punição pela situação económica, a brecha de mais de 15 pontos entre os candidatos, e  outras tantas questões merecem também ser analisadas, aguardem um próximo artigo.

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