Como o Donald Trump tornou-se o Presidente dos EUA

Após o inacreditável resultado das eleições americanas de 2016 onde o concorrente Donald Trump venceu Hillary Clinton, ante todas as possíveis predições contrárias, devemos analisar o que aconteceu.

Muitas pessoas podem não compreender a razão ou como Hillary Clinton não foi coroada ou agraciada com o título de Presidente dos Estados Unidos de América se obteve mais votos dos eleitores (para ser exata, 776.854 votos a mais do que Trump do total de 121.859.470 de votos).

Esta situação já aconteceu anteriormente nos Estados Unidos; a última vez foi exatamente há 17 anos quando o candidato republicano George Bush ganhou as eleições para Presidente contra o concorrente democrata Al Gore mesmo obtendo menos quantidade de votos populares.

Há uma explicação concreta para este fato e reside na Constituição Americana, a Carta Magna. Como já sabemos a Constituição é o conjunto de leis, normas e regras de um país (ou instituição). Regula e organiza o funcionamento do Estado. É a lei máxima que limita poderes e define os direitos e deveres dos cidadãos. Ali estão as diretrizes no qual se baseia o sistema de democracia, entre outras várias características políticas. Assim poderíamos dizer que a Constituição outorga legitimidade às eleições realizadas, conceito muito importante já introduzido pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) em sua obra póstuma “Economia e Sociedade”.

Existem várias formas ou tipos de democracia (tal como bem estudado pelo cientista político holandês Arend Lijphart no seu livro “Modelos de Democracia”). Nos Estados Unidos opera a democracia indireta ou democracia representativa, diferentemente do que no Brasil.

Há muitas questões a serem analisadas em relação ao resultado da última eleição americana, muitos pontos de vista e muitas possíveis explicações. Mas não há dúvida alguma do sistema ou mecanismo da eleição regido pela Constituição. Em outras palavras, a Constituição é o instrumento que determina ou impõe as “regras do jogo”. E é exatamente esta questão concreta que explicaremos aqui: a democracia indireta ou representativa.

A democracia representativa, tal como o seu nome indica, baseia-se em que as decisões políticas não são tomadas diretamente pelos cidadãos mas sim pelos representantes eleitos por eles.

Primeiramente, vamos definir o voto eleitoral como aquele que surge de colégio eleitoral – voto realizado pelos delegados ou representantes políticos no Congresso; e o voto popular, nada mais é que o voto realizado pelos indivíduos nas urnas.

No caso dos EUA, cada voto popular conseguido através das urnas outorga um voto aos representantes correspondentes desse partido.  Cada estado dos Estados Unidos está representado por um número determinado de delegados em função da população naquele estado. Cada voto popular concede poder ao representante do partido votado. Assim o representante escolhe o candidato presidencial do seu partido.

Vale a pena observar quatro estados – Wisconsin, Michigan, Pensilvânia e a Califórnia. Nos três primeiros, Donald Trump ganhou todos os votos dos 46 delegados/representantes e liderou o voto popular com uma diferença de 80.000 votos sobre a sua adversária. Já na Califórnia, Hillary ganhou os 55 delegados e uma diferenҫa positiva de mais de 4 milhões dos votos da população.

Com relação à última eleição, Trump obteve a vitória presidencial porque ganhou em 31 estados – dos 50 estados pertencentes a Estados Unidos, gerando mais quantidade de delegados independentemente do número de votantes ao seu favor.

Em outras palavras, o candidato republicano necessitava obter pelo menos 270 votos dos (seus) representantes do total de 538. Isto significa que precisava obter a maioria do total (composto por 535 senadores e congressistas representando todo o país mais 3 representantes do distrito federal de Washington).  Assim Donald Trump obteve 306 votos dos delegados em oposição aos 232 obtidos por Hillary Clinton.

Alguns podem estar satisfeitos com o resultado, outros não tanto. Porém o resultado das eleições americanas convida a pensarmos várias questões. Por exemplo: por que as pesquisas sinalizavam a vitória quase certa de Hillary Clinton? O quê há por trás destas predições, como são medidas?

Qual foi o propósito ou o objetivo na elaboração da Constituição americana, por que foi decidido implementar a democracia representativa? Qual era o contexto político social e econômico que imperou durante a discussão e aprovaҫão da Carta Magna na Convenҫão Constitucional de Filadélfia, mais exatamente entre os dias 25 de maio e 17 de setembro de 1787?

Enfim, são vários os assuntos abertos e aptos para o debate mas as eleições foram legítimas – dada a Constituição – independentemente do impacto, sentimentos e reações que elas podem ter gerado na população.

A modo de conclusão, desejo que tenha ficado compreensível o método da eleição presidencial e assim erradicar as dúvidas de como e porquê o 45º Presidente americano Donald Trump chegou ao poder.

 

Fontes:

Lijhpart, Arend. Modelos de democracia: Desempenho e padrões de governo em 36 países. São Paulo. Civilização Brasileira, 2003.

Weber, Karl Emil Maximilian. Economia e Sociedade. Editora UnB, 2012.

http://www.internacional.elpais.com/internacional/2017/01/25/actualidad/1485370503_013348.html

http://www.wikipedia.org

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